terça-feira, 12 de maio de 2009

Tão iguais e tão diferentes

Na edição de abril de 2009 da revista de bordo da TAP há um artigo da jornalista portuguesa Leonor Xavier. Convidada a contar as razões pelas quais se deve visitar Portugal, ela responde com outra pergunta: “Pois não é que somos um dos mais pequenos países da Europa, o mais antigo e definido, o mais variado, o ponto de encontro, o caís de chegada e despedida, meio caminho entre os cantos mais opostos e vastos do mundo?”.

Leonor, que viveu no Brasil de 1975 a 1987 e hoje é “redactora” da revista Máxima, sabe das coisas. E prossegue, poeticamente: “(...) penso que nós, portugueses, também somos desde sempre viajantes. Porque tanto viajávamos, somos por tradição o país do afecto e do bem-querer, na curiosidade pelos outros que disfarçamos na prudência das primeiras palavras e logo depois abrimos na generosidade imensa de nossa maneira de ser”.

“Talvez porque a nossa medida de terra seja pequena de mais em face da linha do horizonte sobre o mar português, somos dados à imaginação, à fantasia, ao sonho. À aventura da distância, as mudanças de vida, os percursos pelo desconhecido são mistério, desejo, consagração de coragem na hora de regressar”.

Esse trecho ainda fresco na memória embala a agradável sensação de chegar em casa ao desembarcar no aeroporto internacional de Funchal. O idioma, Português, é o mesmo. As feições, em sua maioria morenas e angulosas, são familiares. A arquitetura das casas no trajeto do aeroporto ao hotel também são em alguma medida conhecidas.

Com o tempo, mais similaridades afloram. A princípio sisudas, os recepcionistas dos hotéis não tardam a dizer que possuem patrícios no Brasil, pedem conselhos sobre qual Estado visitar em férias e... compartilham seus problemas pessoais. Ao pedir orientações na rua, o turista em geral é bem atendido. Logo, porém, perceberá que o “bocadinho” que precisa caminhar para chegar ao seu destino... é tão longo quanto o “logo atrás do morro” de mineiros.

Em semáforos, então, nem se fala. O madeirense, como um bom paulista, não espera. Ele faz seu verde! O resultado é aquela corridinha rápida para atravessar para o outro lado da via.

Nos restaurantes, as porções são tão generosas e repletas de legumes e verduras como nos bons restaurantes tipicamente brasileiros.

Logo algumas diferenças aparecem. Menores, convém dizer, muito menores que as parecenças. Talvez a principal seja o idioma. Ele é o mesmo, mas apesar dos esforços para unificar a língua, na prática ela é mesmo “um bocadinho” diferente. O suficiente para a gente não se sentir tão em casa a ponto de baixar a guarda e automatizar os sentidos aflorados. O que, afinal, nos faz sentir tão maravilhosamente vivos quando em viagem.

Por Monica Martinez

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