terça-feira, 30 de junho de 2009

Parques nas alturas


Na Ilha da Madeira há dois parques que merecem a visita. Para chegar ao primeiro, o Jardim Tropical Monte Palace, pode-se pegar o teleférico da orla marítima, próximo ao mercado.

Extremamente bem cuidado, sua história remonta ao século XVIII. A antiga quinta – como eram chamadas as grandiosas propriedades pertencentes às elites locais ou estrangeiras – hoje pertence à Fundação criada pelo último proprietário, José Manuel Rodrigues Berardo.

São 70 mil metros quadrados que permitem comprovar a evolução do paisagismo europeu nos últimos séculos. Destaques: os painéis em terracota batizados de “A Aventura dos Portugueses no Japão”, feitos pelo então proprietário na parte do jardim em estilo oriental, com belos budas esculpidos em pedra.

Basta pegar um segundo teleférico para chegar ao Jardim Botânico criado em 2005. Menos imponente que o anterior, a visita vale pela deliciosa viagem de bondinho e pelos saborosos pratos rápidos, como a salada de polvo, servidos em sua cafeteria.
Texto e foto: Monica Martinez

terça-feira, 23 de junho de 2009

Enologia: o vinho madeira

O vinho é uma das atrações da ilha da Madeira. Não é raro chegar a um restaurante e ser convidado a degustá-lo. Afinal, trata-se do principal produto de exportação local.

A tradição vem de longa data. Nos últimos cinco séculos, pequenos produtores têm se esmerado em cultivar videiras de forma artesanal nos “poios”, pequenos nacos de terra amparados por terraços situados nas encostas das montanhas.

À semelhança ao do Porto, o vinho é submetido ao processo de estufagem, aquecido a 50 graus durante 90 dias, findos os quais fica maturando em temperatura ambiente.

O método, que já era adotado pelos gregos, foi redescoberto durante o período das viagens marítimas dos portugueses, quando os vinhos embarcados nos porões dos navios, submetidos aos calores dos trópicos, voltavam melhor do que haviam ido.

A presença de ingleses na ilha fez com que o produto ganhasse fama mundial. Não por acaso, a independência dos Estados Unidos, em 1776, foi celebrada com este tipo de vinho.

Segundo o guia Madeira e Porto Santo, são mais de 30 variedades de uvas usadas para o preparo do produto, que é encontrado nas versões seco, meio-seco, meio-doce e doce.

Da uva Sercial é feita boa parte dos vinhos secos. De cor clara, ele é servido como aperitivo.
A uva Verdelho é a base mais comum do vinho Madeira meio-seco. De cor dourada, é recomendado para acompanhar refeições.

Já a uva Boal é o segredo do vinho meio-doce, indicado para acompanhar assados e sobremesas.
Da casta Malvásia se produz o vinho doce. Vermelho intenso, mais encorpado e perfumado, ele é ideal para ser servido após a sobremesa, à semelhança do vinho do Porto.

Qualquer que seja a escolha, o vinho Madeira é melhor apreciado em taças mais fechada na borda, que permitem preservar seu buquê.

Quem visita a ilha entre agosto e outubro pode participar das colheitas e quem lá estiver em Setembro, da Festa do Vinho Madeira.

Fora desta data, basta uma ida ao supermercado ou a uma casa de vinhos para trazer na bagagem (a despachada, não a de mão) a iguaria que faz muito sucesso entre brasileiros. Há garrafas a partir de € 5.

Texto: Monica Martinez
Foto: Google

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Pico do Areeiros: caminhadas radicais

Devido a sua flora exuberante, a ilha da Madeira é um destino muito apreciado por quem gosta do contato com a natureza.

Na cidade de Funchal é fácil obter nas recepções dos hotéis folhetos de agências locais que fazem excursões de um dia para visitar os dois lados principais da ilha.

De ambos lados há belas paisagens. Do lado oeste passa-se pela cidade de Câmara de Lobos (antiga vila de pescadores), Cabo Girão, o mais alto promontório da Europa e o segundo mais alto do mundo (580m), e Porto Moniz, com suas piscinas naturais de origem vulcânica.

Do lado este, passa-se por Camacha e seu pólo produtor de vime a caminho do Pico do Areeiros, o segundo ponto mais alto da ilha (1810m). Depois de visitar o Ribeiro Frio, um viveiro de trutas, parte-se para Santana, com suas casinhas típicas. Em seguida, chega-se à Ponta de São Lourenço, o ponto mais próximo da África. No caminho também se avista o Curral das Freiras, uma vila encravada num vale onde as freiras e as jovens se refugiavam durante o ataque de piratas.

Magro, alto e muito bem informado, o madeirense José Vieira conduz a van da Inter Tours, repleta de portugueses do continente. No caminho, mostra os peleiros, que são as casinhas construídas para abrigar uma ou duas vacas dos pequenos proprietários locais (não se vê gado nos campos como no Brasil).

Como a parada no Arieiros é rápida e o local é realmente muito bonito, vale a pena voltar para passar o dia, seja por ônibus ou aluguel de carro. Nesse caso, convém calçar botas de escalada e casaco bem quente, com luvas, gorro e cachecol, pois devido à altitude mesmo na primavera os ventos são fortes e a temperatura bem fria.

Texto e fotos: Monica Martinez