sábado, 17 de outubro de 2009

Projeto Missões - Parte 10: o local da infância de Che Guevara


É com um misto de reverência e curiosidade que muitos do grupo se aproximam ao Solar de Che Guevara, em Caraguatay, no departamento de Montecarlo, na província de Misiones.

Trata-se do local onde o revolucionário argentino (1928-1967) viveu até os quatro anos de idade. São poucos, no entanto, que seguem na visita às ruínas da casinha onde a família morou, que é feita com guarda-chuva e capa debaixo de um aguaceiro torrencial.

A visão é modesta, mas vale a pena. Afinal, esta parte da história não está contada nem em O Diário de Motocicleta, filme que aborda a juventude do revolucionário do diretor brasileiro Walter Salles, de 2004, nem em "Che", o relato de sua saga revolucionária feito pelo diretor estadunidense Steven Soderbergh, de 2008 (este, aliás, um filme para iniciados, difícil de ser visto por quem não sabe de cor os detalhes biográficos).

Diz o guia local, Diego Cabral, que a mãe e o pai de El Che fugiram para Caraguatay quando ela engravidou antes do casamento. O que na comunidade de classe média alta que pertenciam não era visto com, digamos, bons olhos. Tanto que o biógrafo do argentino, o escritor Jon Lee Anderson, baseado em relatos orais, defende que Che não nasceu no dia 14 de junho, mas um mês antes – mudança de data conveniente para se ajustar à data do casamento.

O pai de Che, Ernesto Guevara Lynch, um empreendedor descendente de irlandeses, viu no local um ponto promissor para o plantio de mate e a extração de madeira. O menino nascido em Rosário, que sofria de asma, não se aclimatou ao local úmido no meio da mata, aliás, preservada hoje com a criação do Parque Provincial Ernesto Guevara de la Serna. Basta caminhar um pouco pelas trilhas que saem da sede para ver o ponto mais estreito do rio Paraná e, a 500 metros dali, na outra margem, o Paraguai.


Em busca de ares mais secos, em 1932 a família de Che muda-se para Altagracia, em Córdoba. Mas parece que o pequeno não esqueceu o espírito empreendedor do pai e as histórias sobre vida comunal ouvidas nas missões. Nem as lições dadas pela mãe, Célia de La Serna, responsável por parte de seus estudos fundamentais, baseados na biblioteca de cerca de três volumes com obras de Marx, Engels e Lenin distribuídas pelas residências do casal. No ambiente familiar, Che ainda ouve os primeiros diálogos da mãe com o pai a respeito dos direitos dos tralhadores contratados nos empreendimentos familiares.

Depois da visita, nos espera um churrasco portenho capitaniado pelo consultor local, Ricardo Brizuela, no Quicho da Mariela. Sobre esta parte da expedição, vale a leitura do blog da jornalista Risomar Fassanaro (http://pbondaczuk.blogspot.com/2009/09/quicho-da-mariela-por-risomar-fasanaro.html).

E pela riqueza das fotos e informações, uma dica é consultar o site do Solar de Che (http://www.solardelche.com.

Fotos e texto: Monica Martinez

Um comentário:

  1. Mônica

    Você arrasou com esta materia. Minha emoção foi tamanha naquele local, que perdi todas essas informações que você nos passa em sua materia. Parabéns! Vou gardá-la com os outros textos sobre nossa viagem.
    Beijos
    Risomar

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