sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Sobre vacas e rapeis

Sábado, 7 horas da manhã. Após uma semana chuvosa e de frio na cidade de São Paulo eu, minha namorada Bel, minha irmã Valéria com o namorado Beto e os amigos Diogo, Camila, Gugu, Ana, Ale e Érica saímos de casa com o tempo ainda gelado e nublado rumo a Socorro, a aproximadamente 130km da capital paulista.


No caminho à cidade interiorana, que integra o chamado Circuito das Águas, o dia esquenta. Após nos perdermos em alguns trechos da estrada, chegamos ao parque que serviria de base para nossas aventuras com a temperatura em torno dos 27º. Estacionamos os carros, pegamos nossas comandas e vamos logo para o primeiro desafio: rapel.

Voltamos para os carros e seguimos até o local da atividade. Para quem não conhece, a prática do rapel é a descida de montanhas íngremes, com o auxílio de cordas e equipamentos para sustentação e segurança. No nosso caso, o desafio que teríamos pela frente (e que nem todos encararam), tinha “apenas” 50m.

Quando chegamos ao lugar, quem realizará o rapel deve subir o morro andando; quem apenas assistirá pode se acomodar em alguma pedra na base da montanha. O sol, que brilha em um céu com poucas nuvens, castiga a todos.

Uns dez minutos andando e pronto! Estamos onde se faz as descidas. Os instrutores nos equipam e passam as instruções de como é feito o rapel. Simulamos a ação em um pequeno desnível, com não mais que 3m. Até aí tudo tranqüilo.

Vamos para a beira da montanha, cuja face utilizada para a aventura é apenas uma imensa pedra. Agora é de verdade. Sou o segundo a descer e aguardo minha vez com uma mistura de nervosismo, apreensão e curiosidade. Quando chega a minha hora, todos esses sentimentos dão lugar ao medo assim que vejo a altura que nós estamos. Jamais imaginei que 50m podia ser algo tão grande.

Começo a descida procurando firmar minhas pernas no chão ao máximo, mas logo a mistura de inclinação das pedras com a força da gravidade faz com que eu fique pendurado apenas pela corda. Medo! Consigo me reposicionar e continuo rumo ao solo. Olho para cima e vejo que já percorri boa parte do caminho. Viro para baixo e percebo que ainda falta muito. “Meu deus, como 50m é alto!”. Após metade do trajeto, já estou mais confiante e até arrisco uma parada para posar para fotos. Todo este meu arrojo não dura mais do que 5 segundos. Volto a me agarrar nas cordas, só quero terminar logo com isso.

Enfim, pés bem firmes no chão. Em mais três minutos (que parecem horas) venço os 50m. Vou ao encontro daqueles que preferiram se poupar de passar por tudo isso. Dou uma olhada nas fotos, um beijo em minha namorada e sigo novamente em direção ao morro. Teria direito a mais uma descida, que, garantiam os monitores, seria muito mais prazerosa que a primeira.

Quase chegando ao alto do morro, um encontro me faz tremer. Uma vaca no meio do caminho me olha desconfiada. “Mmmmuuuuu”, ela me saúda. Dou uma de desentendido, olho dissimuladamente para o lado, mas, quando me viro novamente para o animal, ele continua me encarando, agora com um aspecto um pouco mais assustador. “Estou na área dela, ela é mais forte que eu e não conseguimos nos comunicar. Tô fora!”, penso, já tomando a trilha de volta. Descer 50m pendurado em uma corda até vai, mas ser atacado por uma vaca é demais!

Texto: Rodrigo Casarin
Foto: Izabel Silveira Bueno (Bel)

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