terça-feira, 4 de agosto de 2009

Projeto Missões - Parte 2: Uma viagem gastronômica pelo sul


O sono é suave na primeira noite passada no embalo do ônibus que segue para Curitiba pela BR-116. Tanto que muitos passageiros nem notam a parada feita durante a madrugada. Mas ninguém perde o farto café da manhã no restaurante Américan Grill, em União da Vitória (já distante 233 quilômetros da capital do Paraná. É ali que conhecemos pela primeira vez um docinho típico da região de nome curioso. Trata-se de uma tira de massa frita açucarada levemente torcida chamada de... cueca-virada.

Pelas janelas do ônibus, ainda bastante embaçadas pela neblina, o cenário muda aos poucos: as verdejantes colinas do Estado de Santa Catarina vão dando espaço aos campos conforme chegamos a um ensolarado Rio Grande do Sul pela BR-135. Uma surpresa nos aguarda para o almoço: o restaurante Tia Lili, na cidade de Marcelino Ramos.

Correndo de um lado para outro, tia Lili atende pessoalmente os clientes habituais e também os paulistas forasteiros. “Sou filha de italianos e franceses”, explica, enquanto passa oferecendo polenta frita cremosa e fortaia, omelete de queijo de origem italiana. A mesa é farta, com vários tipos de salada, arroz, feijão e massas. À parte, um bufê de assados tenros e a fantástica abóbora consumida localmente, que é deixada de molho na água e açúcar, fervida no dia seguinte e, finalmente, assada – o que a deixa com uma camada externa crocante e o interior macio.

Mas o destaque do restaurante Tia Lili é uma salinha à parte, com doces caseiros de todos os tipos imagináveis, uma união feliz entre as tradições italiana, alemã e portuguesa. Ambrosia, apfelstrudel de variados tipos, pudins... Quitutes que fazem o professor José Eugenio de Oliveira Menezes arregalar os olhos de satisfação. É apenas o começo de uma jornada gastronômica que levará muitos dos integrantes da expedição a trazer vários quilos a mais para São Paulo.

Ao cair da noite, a chegada a São Miguel das Missões é tranqüila. O caminho até a entrada do grandioso Wilson Park Hotel é charmosamente iluminado. Todos os quartos ficam num primeiro andar que pode ser alcançado por uma rampa suave. Pela primeira vez nota-se a determinação de um descendente de japoneses nascido em 1928, Koumei Mitsuzawa, que, aos 81 anos, anda para lá e para cá com sua incansável bengala e será motivo de inspiração para os mais jovens antes de se queixarem de uma dor aqui ou outra acolá.

Dentista concursado e um bom contador de piadas, seu Koumei trabalhou na Caixa Econômica Federal até se aposentar, numa época em que tais cargos eram motivo de orgulho e praticados com honra e ética, como deve ser.

Texto e foto: Monica Martinez

2 comentários:

  1. Humm, fiquei com água na boca só de ler.
    Esse restaurante da Tia Lili deve ser maravilhoso mesmo!
    Um beijo
    Rita Menezes

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  2. Você nem imagina quanto é bom! Espero que esteja melhor de saúde!

    Beijos,

    Monica

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